Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

the book keeper

17
Fev17

Wish I Was Here

wish i was here.jpg

 

“You said, "Nothing in life will call upon us to be more courageous than facing the fact that it ends. But on the other side of heartbreak is wisdom.”

 

Wish I was here, é o segundo filme realizado por Zach Braff e como fã convicta de Garden State, posso dizer que não me desiludiu, de todo. A história centra-se no personagem Aidan Bloom, um actor “falhado” de 35 anos, com dois filhos sui generis, uma mulher que o sustenta suportando um trabalho horrível, um irmão que desperdiça o elevado q.i e um pai à beira da morte. O filme fala de tanta coisa importante e desperta tanta, tanta coisa. A constante busca pela felicidade, o não desistir mesmo quando tudo à nossa volta grita que estamos acabados, a responsabilidade e papel na família, a importância dos pequenos momentos. O filme faz-nos oscilar entre lágrimas e gargalhadas, tal como no primeiro filme realizado pelo actor. Fiquei surpreendida ao constatar que obteve mixed reviews e muitas delas negativas. Eu acho que vale a pena, que não é tempo perdido. Deixo convosco a decisão. 

06
Fev17

Meio Sol Amarelo

meiosolamarelo.jpg

Ilustração: bauhaus.com

 

"1. O Livro: O Mundo Ficou Calado Quando Morremos

No prólogo, ele relata a história da mulher com a cabaça. Estava sentada no chão de um comboio, entalada entre pessoas a chorar, pessoas a gritar, pessoas a rezar. Estava calada, a acariciar no seu colo a cabaça tapada, num ritmo suave, até que atravessaram o Níger e ela levantou a tampa e disse a Olanna e aos outros para espreitarem lá para dentro. Olanna conta-lhe esta história e ele anota os pormenores. Ela explica-lhe que as nódoas de sangue no pano da mulher se fundiam com o tecido formando um padrão de cor de malva ferrugento. Descreve os desenhos talhados na cabaça da mulher, linhas diagonais entrecruzadas, e descreve a cabeça da criança lá dentro: tranças despenteadas caindo sobre o rosto castanho-escuro, olhos completamente brancos, fantasmagoricamente arregalados, a boca entreaberta num pequeno O de surpresa.”

 

Ler o Meio Sol Amarelo da brilhante Chimamanda Ngozi Adichie é perceber que não sabemos nada, que os nossos problemas não são nada, quando atrocidades como as que foram cometidas contra o povo Ibo na Nigéria aconteceram enquanto o mundo assistia mudo e quedo. Eu não conhecia a história do Biafra, o horror da Guerra do Biafra e por muito que seja mais fácil fecharmos os olhos e ignorarmos o sofrimento há coisas que temos de saber para que não se repitam. Para que façamos algo. 

A autora, de descendência Ibo, nascida em Abba e estudante em Nsukka, usa toda a sua história familiar para descrever de forma absolutamente brilhante uma situação que foi ignorada por todas as nações desenvolvidas, inclusive pelo grande colonizador britânico. E isto tem especial relevância porque aos britânicos não interessava o progresso vislumbrado no desenvolvimento do povo Ibo. Todas as classes sociais são abordadas e incluídas no livro que narra de forma fiel esta guerra desleal. Até os líderes do Biafra falharam. Falharam de forma vergonhosa ao povo que depositou toda a sua fé e esperança no meio sol amarelo. Leiam. A sério.